11 de maio de 2012

Sobre a preparação para o pós-parto

É possível se preparar para o pós-parto?
Sim e não!
Deixa eu me explicar...
Independente de como escolhemos empreender uma preparação para a chegada do bebê, o que acaba operando dentro da gente, e o que faz com que sintamos mais segurança e conforto, é o fato de que algo, no caso o pós-parto, passa a fazer parte do nosso universo de preocupações, e, assim, podemos nos organizar para que tenhamos o máximo de recursos para agir diante do novo.
Porém, quando estamos a nos preparar para algo, é quase inevitável sermos levados a considerar aquilo que sempre escapa à preparação, não é mesmo? Aquilo que imaginamos está sempre à mercê do que concretamente irá se dar, há sempre a possibilidade do imprevisto, da novidade...
A preparação portanto abarca tanto a nossa potência, quanto a nossa impotência. Levar ambos aspectos a sério é empreender uma verdadeira preparação. Por que digo isso?
Considerar que a preparação é um fim em si mesma é justamente não se preparar para o que de novo e surpreendente pode acontecer. Quando o imprevisto se der, ele pode acabar não sendo muito bem recebido. É capaz que vivamos tomados pela frustração ou ressentimento, pela paralisação ou pelo enrijecimento. O inverso também pode acontecer: se o pós-parto não puder fazer parte de nossas preocupações, quando ele chega, pode arrebatar, pois nos vemos sem os recursos para agir diante do novo.
Preparação, portanto, é estar presente para receber. Mas, ao receber, saber também que necessariamente irei me transformar. Preparem-se para a chegada de seus filhos, mas não se esqueçam também que eles são... a novidade!
Texto: Cristina Toledano (psicóloga)